31/01/2019

6 CARTA DE REVISOR PARA ESCRITOR

Duas Artes ou dois Amigos.
Pronome de tratamento: Você.
6.1 Saudações e conjecturas
6.2 Dilema de escritor
6.3 Dilema de revisor
6.4 Dois espíritos inquietos
6.5 Quando será o final
6.1 Saudações e conjecturas

6.1 Saudações e conjecturas

      a) Saudação
“Bom dia, meu caro amigo!”
Mas não precisa dizer
a impressão que tiver
sobre o que vou escrever.

      b) Partilha de sentimentos
Eis uma rápida mensagem,
para escritor digerir.
Ele encontra revisor
com quem possa dividir
alegria ou aflição
para chorar ou sorrir.

      c) Encontro de inquietações
Amigo! nos seus escritos,
entendo o que o aflige.
Sua arte não é fácil
e um grande talento, exige;
mas a dor de quem escreve
pode ser de quem corrige.

6.2 Dilema de escritor

a) Antagonismo problemático
Cai um “temporal” no Mundo
que vem com redemoinho,
que abre e fecha caminho
numa* fração de segundo;
é “pano que não tem fundo”,
é uma “bola dividida”.
São os dois lados da Vida,
na linha polarizada,
dizendo que “é tudo ou nada”:
ou cicatriz, ou ferida
*numa - contração de "em uma" para atender à Métrica.

      b) Revolta de quem escreve
Escrever é pra quem sente
vontade de reagir:
se for ferido e cair,
levanta-se novamente;
é quem não vive contente
com crime e barbaridade;
quando vê uma atrocidade,
sente um gosto natural
de acabar com o “vendaval”
no lado da crueldade.

      c) A obra tem seus motores.
Geralmente um livro é feito
por quem se acha inquieto,
insatisfeito com veto
ou lesado em seu direito.
Quem já vive satisfeito,
normalmente não procura
fazer livro nem brochura.
Quem escreve está querendo
resolver ou, resolvendo,
um “problema ou amargura”.

      d) A missão além da conta
Você não chega ao final;
apenas faz uma pausa,
pois sempre uma nova causa
provoca seu cabedal.
Nesse processo causal,
um livro sai publicado
e o público-alvo é saudado
com palavras de atenção.
Assim vai longe a missão
do seu “gênio inconformado”.

6.3 Dilema de revisor

      a) Correção sem mais efeito
Corrigir é pra quem gosta
de ver tudo consertado.
Mas, quando estou revoltado,
não sei fazer a proposta;
sem pergunta, sem resposta,
não faço a minha defesa;
também sinto a correnteza
que precisa de combate,
mas não entro no debate
que levante uma represa.

      b) Silêncio de quem corrige
A correção da escrita
contagia um revisor.
Sinto a queixa, o amargor
que vêm da palavra aflita.
Na frase que se agita,
muita coisa eu fico vendo.
Por isso, Amigo, eu entendo
o que lhe causa sofrer.
Só não consigo escrever
o que me está doendo.

6.4 Dois espíritos inquietos

      a) Cabeça “de prontidão”
Você não pede que agende
um assunto ou um adendo.
E quando estou remoendo
os dramas que a Vida acende,
eu ligo e Você atende,
responde imediatamente.
Já outro amigo é ausente
e o telefone, ocupado:
não escuta o meu chamado
ou o chamo “incomodamente”.

      b) Senha de atendimento: “duas Artes!”
“Duas artes, dois amigos”
que se juntam na escrita.
Você anota o que medita,
querendo evitar perigos;
faz texto, produz artigos.
Já eu sou quem se empenha
em fazer o que convenha
pra você escrever certo.
Falando de longe ou perto,
usamos a mesma senha.

      c) “Artistas duros na queda”
Enquanto você seguir
nessa criação infinda,
vai escrever mais ainda;
com você, terei de ir.
Desta vez, vou corrigir
textos pra fazer brochuras.
Somos dois “cabeças-duras”
que têm este mesmo gosto:
derramar suor do rosto
com o calor das leituras.

    d) É árduo, mas causa alegria.
Se você se sacrifica,
tenho também meu martírio.
Mas, da Arte, um “pé de lírio”
nasce, vem e nos glorifica.
Pra você, é sempre rica
a ideia de “recriar”;
pra mim, é a de “revisar”;
sempre queremos um “pé”,
que dê motivos ou fé, 
pra mais um lírio brotar.

    e) Mãos à obra com retoques
No livro que lhe interessa,
começamos devagar,
como quem vai tatear
um terreno ou uma peça.
Não devo fazer promessa
de um trabalho excelente.
Mas, como sempre, é da gente
“toque de bola” apurado,
deixamos bem lapidado
cada texto componente. 

6.5 Quando será o final

      a) Desistir não adianta
Eu já pensei em parar
de corrigir obra sua,
mas não paro e continua
o que falei em deixar.
Eu digo que “vou largar...”.
Você diz coisas iguais.
Porém, escreve demais;
um livro aos seus olhos salta;
já eu também sinto a falta
das correções textuais.

    b) Quem é do Ar não arqueja.
Procurei uma pessoa
que ficasse em meu lugar,
porém não pude encontrar
quem assumisse a “coroa”.
“Pra não virar a canoa,
eu vou segurar o remo.”
Um “temporal”, eu não temo;
e as letras, não enjoei.
Quem é que não quer ser rei
de uma arte ou bem supremo?

      c) Presença de bom motivo
Fica um pouco “divertido”
o que nos torna presentes:
duas artes diferentes,
mas tangentes no sentido.
Talvez eu esteja unido
a Você, na mesma dor.
Nesse “encontro sofredor”,
deve existir um motivo
que faça alegre e ativo
o escritor e o revisor.

      d) Eis o prenúncio do fim
Nossa cadência é letrada,
vamos andando pra frente.
Nossa luz é ascendente:
clareia longe a passada.
Mas, quando não houver nada
que você queira escrever,
eu também não vou fazer
correção nem comentário;
esse encontro literário
não vai mais acontecer.

14/01/2019

7 EXPECTATIVA DE ATIVIDADE

     a) Desejo
Eu quero sempre fazer
correção gramatical!
A frase culta, formal —
ensinar a escrever.
Quando me falta o que ler,
estudo a Ortografia.
Isso parece mania,
em vez de ser um labor.
Eu quero ser revisor
de livro e monografia.

     b) Esperança
É muito bom corrigir
livros e monografias —
uma das grandes manias
do meu modo de agir.
No presente e no porvir,
espero sempre encontrar
ideias para ordenar
o que o autor escrever
e dizer-lhe o que fazer
para sistematizar.

     c) Exceção vocacional
Por comum, esse ofício magistral
é de quem noutra área é diplomado,
isto é, que, em Letras, é formado
ou fez Comunicação Social[6].
Penso que o meu caso é especial:
sou formado em Administração,
mas a "palavra escrita" é uma paixão
que me envolve desde a mais tenra idade,
que me dá sensação de liberdade
e de ser revisor por vocação. 


12 Cf. NASSETTI, Pietro. Perfil: René Descartes. In: Discurso do método. Tradução por Pietro Nassetti.  São Paulo: Martin Claret, 2000a, pág. 11. (A Obra-Prima de Cada Autor, 45).
[2] DESCARTES, René. Discurso do método. [Tradução por Pietro Nassetti.]  São Paulo: Martin Claret, 2000a, pág. 74. (A Obra-Prima de Cada Autor, 45).
[3] Cf. Ibidem, págs. 20-27.

13/01/2019

8 DIA DO REVISOR: 28 de Março

8.1 Quadras
8.2 Vocação e sonho
      8.2.1 Vocação
      8.2.2 Sonho da Arte
8.3 Estilo de revisão

8.1 Quadras

Hoje é o Dia também
de um ofício que eu adoro.
Neste Blog, comemoro 
o que me faz muito bem.

Aos escritores, saúdo
com votos de boa-sorte!
São eles um lado forte
de voz e sentido agudo.

8.2 Vocação e sonho

8.2.1 Vocação

      a) Invocação divinal
Rogo a Deus em um bendito
que me dê mais proteção
para eu dar nova impulsão 
a outro assunto e seu fito.
Dito, feito, feito e dito:
"Nasceu mais um revisor".
Lembro autora, lembro autor
com seus trabalhos ecléticos.
Mas falo em termos poéticos
para agradar ao Leitor.

      b) Tino revisório
Quis o Destino que eu
mudasse de profissão,
para fazer correção
em livro que não é meu.
A Natureza me deu
o dom de compreender
o que o autor quer dizer:
pela sua redação,
sei estímulo, sei razão
que o leva a escrever.

8.2.2 Sonho da Arte

      a) Elementos de entusiasmo
O calor da homenagem,
o perfil da revisão,
uma obra em alusão
e a figura de linguagem —
todos entram na contagem
dos escritos prediletos;
vão ilustrar os projetos
da Humanidade terrena.
E a Terra toda é pequena
para estes versos seletos.

      b) Pretensão gramatical
Quero imitar um gramático,
sabendo regra de tudo,
renovando conteúdo
de teórico para prático.
Sou revisor "burocrático”
pela Metodologia.
Entro na ortoepia,
na semântica, na linguística;
mantenho a característica;
dou regra à ortografia.

      c) Sonho possível
Livro e monografia,
tese e dissertação,
artigo e redação,
uma autobiografia;
jornal, revista, poesia — 
tudo é bom que seja olhado.
Em mais de um..., tenho achado
erro que eu não deixaria,
se, enquanto o autor fazia,
eu tivesse revisado.

8.3 Estilo de revisão
Sextilhas com versos de 7 sílabas e rimas ABCBDB.

      a) Perfeição 
Quero um estilo perfeito:
meu trabalho é conferido;
quando a frase está confusa,
dou-lhe clareza e sentido.
É o escritor exigente
meu cliente preferido.

      b) "Na ponta da língua"
Não falo a regra, perdido;
não sou a Lua, que míngua.
Conserto erro em palavra
como se cura uma íngua.
E a minha resposta é
dada "na ponta da língua".

      c) "Sem errada"
Tiro os erros de "coríngüa":
sai o acento e o trema.
Sou como dicionário,
que dá sentido e fonema.
Só fiz esse nome errado
pra rima do meu poema.

Notas do autor: 
1) Poesia do meu "entusiasmo constante" com a arte ou técnica da revisão, que resolvi divulgar em torno do Dia do Revisor de Textos. 
2) Parece também uma seção de marketing pessoal, visto que aproveito a ocasião para divulgar o meu jeito de ser ou fazer em relação ao que chamo "esse ofício". 
3) Não homenageia revisores: faz referência ao estilo de correção – revisão – copidescagem que tenho feito, vocação pressentida, pretensão e "boa-vaidade", relação amistosa com escritores e alguns detalhes, bem como algumas linhas gerais. Propaga o meu encantamento com essa atividade.
4) O Dia 28 de Março é também Dia do Diagramador. 


Acesso em: 25/03/2105.